Persistir na luta<br>Convergir para 1 de Outubro!

Albano Nunes (Membro do Secretariado do Comité Central)

Amanhã a Quinta da Atalaia abrirá as suas portas para acolher a 35.ª edição da Festa do Avante!. «Mais uma Festa», sem dúvida. Mais uma manifestação ímpar no panorama cultural e político português. De alegria e confraternização popular. De militância generosa. De luta convicta em defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País. De afirmação de valores e ideais libertadores que, sendo os da classe operária, são também das restantes classes e camadas vítimas da exploração e opressão do capital monopolista associado e subordinado ao imperialismo.

Após a Festa a luta continua e tenderá a tornar-se mais ampla

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Realização silenciada, diminuída e atacada pelos adversários e inimigos do Partido que se não conformam com esta magnífica conquista de Abril, mas orgulho e arma dos comunistas, dos seus amigos, de quantos reconhecem o papel necessário e insubstituível do PCP na vida nacional e que, mesmo se deram o seu voto a quem o não merece e o trai, vêm numerosos à Quinta da Atalaia para desfrutar connosco três dias de uma festa onde se respira liberdade, beleza e fraternidade como em nenhum outro lugar.

Mas sendo «mais uma», esta Festa reveste-se de particular importância pelo quadro nacional em que tem lugar, marcado pela mais violenta ofensiva desde o fascismo contra as conquistas e direitos dos trabalhadores e do povo português, e também pelas repercussões da crise do capitalismo internacional e em particular, pelas dificuldades, contradições e fuga federalista galopante do processo de integração capitalista europeu. Alegra-nos por isso que os elementos de que dispomos no momento em que escrevemos este artigo indiquem claramente que, tanto pela sua dimensão de massas como pelo seu conteúdo, ela estará à altura das responsabilidades da força de vanguarda que o PCP efectivamente é, projectando com força e convicção a mensagem de confiança e determinação combativa que o momento político exige.

 

A luta continua

 

Porque após a Festa a luta continua, e não só continua como, apesar de todo o género de manobras do Governo para o impedir, incluindo com o recurso à mais cínica e retrógrada demagogia caritativa, tenderá a tornar-se ainda mais ampla, mais massiva, mais combativa.

Resistindo à execução servil do programa de agressão e submissão subscrito pelo PS, PSD e CDS. Enfrentando cada um dos ataques do Governo de Passos Coelho aos direitos dos trabalhadores, às condições de vida dos portugueses, ao património público, às funções sociais do Estado, ao regime democrático consagrado na Constituição, à soberania e independência nacional.

Combatendo o autêntico assalto ao País, que outro nome não pode ter a gigantesca transferência da riqueza produzida e da propriedade pública para os grandes grupos económicos e os seus patrões estrangeiros.

Mostrando, contra os falsos argumentos das «inevitabilidades» e da «falta de alternativas», que sim, é possível outro rumo para o País, que Portugal tem futuro e que o povo português jamais permitirá que Portugal seja transformado num protectorado, que o que se impõe não é ajoelhar diante das instâncias supranacionais da União Europeia e do FMI mas mobilizar em torno da política patriótica e de esquerda que o PCP propõe, a energia, a criatividade e o patriotismo dos portugueses.

E, rompendo com a espessa cortina de desinformação sobre a situação internacional, mostrando que – como o grande número de delegações estrangeiras presentes na nossa Festa ilustra – o PCP não está só na sua luta e que em todos os continentes os povos resistem à política de exploração e guerra do imperialismo e lutam pela liberdade, a soberania nacional, o progresso social e o socialismo.

 

Animar a luta de massas

 

A Festa do Avante! constitui um momento e uma forma particular de luta, luta que – depois do comício de domingo onde o Secretário-geral do Partido apresentará as grandes linhas de intervenção do PCP, e uma vez encerrada a Festa – continua por toda a parte nas suas expressões mais clássicas, a começar por essa forma determinante que é a luta de massas, em torno de objectivos concretos e imediatos, tendo sempre em vista acumular forças e criar condições para formas de luta mais avançadas.

As manifestações anunciadas pela CGTP para o próximo dia 1 de Outubro em Lisboa e no Porto «Contra o empobrecimento e as injustiças – emprego, salários, pensões e direitos sociais» revestem-se de uma particular importância. Intervindo nas empresas e locais de trabalho e junto das populações, animando pequenas e grandes lutas, decididamente voltados para as massas e para a acção unitária de quantos compreendem a necessidade imperiosa de romper com 35 anos de políticas de direita, transformando na prática cada organismo do Partido em comissão de luta, os comunistas, sempre empenhados no reforço da organização partidária, darão o seu melhor para que as manifestações de 1 de Outubro constituam um grande momento de protesto e convergência de quantos se opõem ao rumo de empobrecimento e submissão do País.



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